terça-feira, 9 de março de 2010

Pontos de vista de um leitor

(Escrito em 30 de novembro de 2009) Até que enfim adquiri o livro “Pontos de vista de um palhaço”. A obra é de autoria de Heirinch Böll, escritor alemão que eu nunca tinha ouvido falar antes. Comprei, confesso, porque achei o título interessante e a capa mais ainda. O livro estava há tempos na minha relação de possíveis obras que deseja ler. E, nesta última semana de outubro, decidi comprá-lo.

Geralmente, procuro ler os parágrafos iniciais. Se gosto do estilo, se a leitura me envolve já coloco debaixo do braço e, confiante de que estou fazendo a coisa mais certa do mundo, vou ao balcão. Algumas vezes, sim, o tiro sai pela culatra. Já errei feio. Chego a me arrepender, mas leio até o final. Mais por obrigação do que pela leitura em si. Afinal, lá se foram cerca de 40 reais...

Com “Pontos de vista de um palhaço” foi diferente. Nunca tinha encontrado um exemplar sequer nas livrarias, e o máximo que consegui saber sobre a obra encontrei pela sinopse e pela crítica de um jornal. Pelas duas, confabulei que valia a pena possuir a história de Böll, que depois viria a saber que era um Nobel da literatura e um dos mais importantes autores do pós-guerra da Alemanha falecido nos anos 1980.

O livro tece a história de um palhaço que cai em decadência pessoal e profissional. Abandonado pela companheira, ele perambula dissecando a sociedade alemã, bastante enraizada religiosamente. Isso é o mais breve do que se pode chegar a um resumo para quem leu apenas os dois primeiros capítulos. Se estou gostando? Estou, principalmente pelo encadeamento das frases. Gosto dos textos que sabem economizar palavras e serem profundamente rico e amplo ao mesmo tempo.

Não sei aonde a leitura irá me conduzir e quais serão os pontos de interrogação que surgirão e permanecerão com o último ponto final da obra. Busco sempre fazer uma relação dos acontecimentos das personagens com o meu cotidiano. Averiguar o limite que a vida real entrelaça-se com a ficcional e pensar por que eu não tive a genialidade que Böll possuiu ao escrever o primeiro parágrafo. Explico-me:

Do mesmo modo que a personagem principal, eu também faço uma rotina diária de minha casa ao trabalho. As diferenças ficam limitadas pelo ano e pelo tipo de transporte. Ao invés de cinco anos, quase três; e diferentemente de trem, pego um ônibus. Fora isso, temos os mesmos vícios rotineiros: guardar a passagem e ir à banca de jornal. Faço isso religiosamente e nunca tive um rompante de escrever algo a respeito desse cenário.

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