terça-feira, 9 de março de 2010

Victor Huggo de Paula


(Escrito durante a Novena de Nossa Senhora Aparecida -- outubro de 2009)Ele é meu melhor amigo. E faço questão de que todos sabiam. E isso, por incrível que parece, gera uma certa dose de gozação por parte de outros amigos. Tiram sarro simplesmente porque meu melhor amigo tem cinco anos de idade. “Como pode?”, dizem com as sobrancelhas arqueadas! Ora, pode porque pode. Não existe explicação. Somos amigos porque somos amigos. Ponto final. Nossa amizade é infantil e ingênua. Verdadeira.

Ele é meu melhor amigo. E faço questão de semear esta amizade. Nossa diferença está limitada à idade cronológica. Tenho 27 anos. Ele ainda cinco. Às vezes, ou melhor, na maioria das vezes, ele é o mais velho. Não porque seja todo certinho. Mas porque age com uma criatividade muito além de uma criança de cinco anos. E também porque eu sou infantil demais às vezes – até para ele! Acredito que é isso que faz nossa amizade respirar e crescer.

Ele é meu melhor amigo. E faço questão de estar com ele o máximo que eu posso. Levar ao cinema e ao parquinho já faz parte do nosso cronograma. É o nosso momento. A diversão começa logo no carro, quando inventamos e aperfeiçoamos as brincadeiras. Existe a da descarga quando chove. Aquela dos nomes dos carros, caminhões, motos e ônibus. E a dos dinossauros que habitam à margem da Via Dutra. E no cinema, entre um gole de refrigerante uma pipoquinha (sem manteiga, Jorge!), conjecturamos nossa futuro profissional.

Ele é meu melhor amigo. E faço questão de (re)descobrir ao lado dele parte da minha infância. Nossa mais última missão é encontrar o pote de ouro no final do arco-íris. Ainda não planejamos como vamos encarar essa empreitada. O certo mesmo é caprichar na imaginação e seguir viagem! Nem precisa chover e fazer sol logo em seguida. Basta estarmos na calçada ou na garagem da casa dele para iniciarmos nossa aventura.

Ele é meu melhor amigo. E faço questão de eternizar esta amizade. Como toda a criança dessa idade, ele é meio arredio às fotos. Tapar o rosto com as mãos ou sair correndo são alguns dos artifícios que usa para se esquivar dos flashes. Nem sempre consegue. E são nesses momentos que eternizamos nossa amizade. Sei que ele não liga nenhum pouco para isso agora. Mas num futuro, as fotos podem servir de pistas para que ele reencontre nossas antigas brincadeiras.

Ele é meu melhor amigo. E faço questão de viver no mundo dele. Mergulho de cabeça em suas aventuras do mesmo modo que ele faz com as minhas. Foi assim que aprendemos os segredos do jogo de xadrez, dos malabarismos das cartas de baralho, dos segredos da pesca e da arquitetura de um castelo de areia com direito a pista de Fórmula 1. Fomos, somos e seremos super-heróis que não combatem a mal. Lutamos para vencer os limites de nossa imaginação, buscando incorporar novas brincadeiras a velhas brincadeiras.

Ele é meu melhor amigo. E faço questão de lembrar do início desta amizade. Era agosto de 2007. Dia ensolarado. Ele estava brincando num parquinho. Subindo e descendo do escorregador. A mãe dele aguardava o resto da turminha do trabalho que iria passar o dia no Gomeral. Apenas o vi e nada mais. Já no alto da Serra da Mantiqueira, começamos a brincar. Ele trouxe os bonequinhos e se encantou com o monte de areia. De lá para cá, somam-se muitas outras aventuras.

Ele é meu melhor amigo. E faço questão de contar sobre o Ano Novo de 2009. Fomos a Praia Grande (litoral sul de São Paulo). Durante quatro dias, brincamos e brincamos até sermos vencidos pelo sono. Geralmente, eu entregava os pontos primeiro enquanto ele continuava serelepe, sempre pronto para novas brincadeiras. Enfrentamos fortes ondas. Construímos castelos de areia. E até tentamos pescar turbarão. Uma odisséia lúdica que jamais esquecerei.


E eu o amo.
P.S. Foto Vera de Souza

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